Lúcio
Emílio do Espírito Santo Júnior,
graduado em Filosofia e Mestre em Estudos Literários.
Professor da UNIPAC/Bom Despacho.
O texto, de alto nível científico, trata de
um assunto que nos toca na vida cotidiana: a insegurança
dos espaços públicos no país. A linguagem
busca ser acessível ao mesmo tempo ao leigo e ao
especialista na área do Direito, profissionalmente
militar ou policial. Existe uma preocupação
de informar com dados e gráficos, estatísticas
e esquemas, mas sem ser excessivo ou quebrar a fluência
do texto. A temática é abrangente, vai desde
a definição de defesa social (visando resolver
um dos grandes problemas da discussão nos jornais
e na Academia, que é a questão conceitual),
de estar “falando a mesma língua”, passando
pelas raízes de nossa insegurança na concentração
urbana e na conflituosidade social, discutindo a Grande
Reforma Policial e até analisando as propostas para
essa área de governos recentes com FHC e Lula.
Lúcio Emílio do Espírito Santo e Amauri
Meireles não deixam de passar por tópicos
polêmicos, tais como a greve policial recente (de
1997) e o paradoxal aumento da violência no Brasil
com a volta da democracia nos anos 80.
Um exemplo do posicionamento dos autores a respeito de uma
questão delicada: “A conseqüência
quase imediata do movimento de 97 foi o aumento da visibilidade
política e social dos níveis iniciais da hierarquia
policial-militar (...). Antes de qualquer outra tarefa,
impunha-se a pacificação interna, já
que um profundo fosso se havia cavado entre oficiais e praças,
tornando a vida institucional incapaz de ser vivida com
normalidade, o que no final refletia negativamente na operacionalidade
da Corporação (...). Entretanto, a mais notável
é a reforma do regulamento disciplinar, que estabeleceu
um novo pacto ético entre a instituição
policial, a sociedade e o estado. Esse processo seguiu os
trâmites democráticos, ao contrário
do que havia acontecido em períodos anteriores, em
que o regulamento disciplinar, baixado através de
decretos, consultava somente os interesses do Estado. Desta
vez, os segmentos envolvidos foram chamados a se manifestar,
o projeto foi encaminhado pelo Executivo e amplamente discutido
na Asssembléia Legislativa mineira (MEIRELLES, Amauri
e ESPÍRITO SANTO, Lúcio Emílio, 2003,
p. 297).
Outro elemento a ser destacado é cosmopolitismo desse
texto, que trata com versatilidade tanto do interior mineiro
quanto do projeto “Tolerância Zero” do
projeto Giuliani do seu chefe de polícia, William
Bratton. O livro mostra que programas repressivos como o
“Tolerância Zero”não podem vir
desacompanhados de programas sociais preventivos, capazes
de reduzir os níveis chocantes de exclusão
que temos no Brasil.
A respeito dessa obra, escreveu também o coronel
Jair José Dias, presidente do Instituto Brasileiro
de Policiologia: “Vencer a insegurança é
um dos maiores desafios da nova democracia brasileira. É
preciso começar pela criação de uma
nova linguagem, novos conceitos, que favoreçam as
mudanças culturais na polícia e na justiça,
além de um aguçado senso de historicidade
capaz de analisar criticamente o passado, tanto para acertar
como para não errar. As raízes da nossa insegurança
estão na violência. Violência da fome
e da miséria. Violência subjacente ao crime
comum. Estes planos se interpenetram e não se pode
erradicar a violência criminal sem vencer a violência
da exclusão social. Os reformadores do sistema de
defesa social precisam fazer a escolha correta, já
que têm diante de si os dilemas da centralização,
da exclusão do município, do atomismo corporativo,
do sistema inquisitorial versus sistema acusatório
e da questão da militarização ideológica
da defesa anti-infracional. O leitor encontrará aqui
uma visão moderna da questão da insegurança
que atormenta o homem em seu cotidiano. A perspectiva policiológica
é mais um ângulo através do qual se
pode analisar a intervenção da polícia
nos processos sociais para a redução da insegurança.”
fale
com o Lúcio:
lucio@bdonline.com.br
Outro
texto do Lúcio:
Fiotinha
e a Língua da Tabatinga
- Tânia Nakamura e Lúcio Emílio