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[cultura]
- Festa de Nossa Senhora do Rosário
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"Congadas:
As festas de Congado - também chamadas de Reinado
ou Reisado do Rosário - tiveram início
na antiga capital de Minas: Ouro Preto. Os principais
pólos festeiros estão concentrados na
região metropolitana de Belo Horizonte, Sete
Lagoas, Montes Claros, Raposos, Oliveira, Bom Despacho
e Dores do Indaiá.
Foto: Marcílio Lana
A
lenda do Congado
A
lenda de Chico-Rei nos conta que a origem das festas
do Congado está ligada à Igreja Nossa
Senhora do Rosário, situada na antiga Vila
Rica. Segundo a lenda, o escravo batizado com o nome
de Chico-Rei, viera da África com outros membros
de sua família. Na sofrida viagem, rumo às
Novas Terras, Francisco perdera a mulher e seus filhos,
com exceção de um. Chico-Rei se instalou
em Vila Rica e com o passar do tempo, com as economias
obtidas no trabalho aos domingos e dias santos, conseguiu
a alforria do filho. Posteriormente, obteve a própria
alforria e a dos demais súditos de sua nação
que lhe apelidaram de Chico-Rei. Unidos a ele, pelos
laços de submissão e solidariedade,
adquiriram a riquíssima mina da Escandideira.
Casado com a nova rainha, a autoridade e o prestígio
do "rei preto" sobre os de sua raça
foi crescendo. Organizaram a Irmandade do Rosário
e Santa Efigênia, levantando pedra a pedra,
com recursos próprios, a Igreja do Alto da
Cruz. Por ocasião da festa dos Reis Magos,
em janeiro, e na de Nossa Senhora do Rosário,
em outubro, havia grandes solenidades típicas,
que foram generalizadas com o nome de "Reisados".
Nestas festas, Chico-Rei, de coroa e cetro, e sua
côrte apareciam lá pelas 10 horas, pouco
antes da missa cantada, apresentando-se com a rainha,
os príncipes, os dignatários de sua
realeza, cobertos de ricos mantos e trajes de gala
bordados a ouro, precedidos de batedores e seguidos
de músicos e dançarinos, batendo caxambus,
pandeiros, marimbás e canzás, entoando
ladainhas."
fonte: http://www.mg.gov.br
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Tempo
de Reinado: cores, religiosidade e alegria em Bom
Despacho
06/09/05 - Beatriz Araújo Campos
Mês de agosto é mês de muita festa
em Bom Despacho, pois é época de Reinado.
Lembro-me de quando trabalhava na Escola Irmã
Maria. Em agosto era necessário fazer um horário
mais flexível, pois grande parte dos alunos
eram dançadores e não iam à escola
ou só iam durante parte do horário.
Pessoalmente, nunca achei muita graça nesta
festa.! Não precisam me crucificar por isto,
me deixem explicar! Para mim, acostumada desde criança
a ver o Reinado andando pelas nossas ruas, o único
grande significado eram os almoços. Minha avó
materna era festeira e eu adorava a comilança
da época dos reinados. Sentido religioso? Lamento.
Nunca foi importante para mim. Não acredito
que os santos estejam disponíveis para barganhar
favores (pedidos de graças) em troca de um
bando de gente dançando, comendo e bebendo.
Aliás, não acredito que os santos sejam
a favor desta chantagem que costuma ser feita (promessas
se alcançar tal graça). Que me perdoem
os fervorosos devotos, mas é assim que penso.
Depois de adulta, via o Reinado apenas como uma curiosa
manifestação cultural. E ainda passei
a observar mais detalhadamente alguns dançadores.
Não estou generalizando, mas alguns me parecem
que só estão interessados mesmo na comilança
e na beberrança. Duvidam? Observem melhor nos
próximos anos. Alguns se encharcam de cachaça
e tudo vira mesmo uma grande festa!
Isto sem falar nas princesas, que me parecem mais
interessadas nos charmosos e fardados dançadores.(
Não entendo esta fixação de certas
mulheres por fardas!) Ah! E por falar nas princesas,
para onde vai o dinheiro das esmolas? Para a igreja
do Rosário, não creio. Para a Matriz?
Para o Bispo? Para o Vaticano? Sinceramente, gostaria
de saber. E aí vou provocar mais um pouco:
como é que uma instituição rica
como a Igreja Católica tem a cara de pau de
pedir esmolas? Enfim...
Bom, mas agora vamos ao motivo deste texto: agora,
depois de mais madura, aprendi a ver o Reinado realmente
com outros olhos. Descobri a origem desta dança
e reconheço que é uma belíssima
manifestação cultural deste povo que
foi tão covardemente oprimido, que é
o africano.
Gosto do colorido das roupas, das coreografias, do
cuidado em se passar para os mais jovens os mesmos
costumes dos antepassados. Acho fantástico,
num mundo em que há tão pouco respeito
pelos valores, observar como os dançadores
obedecem aos capitães. Com certeza, uma forma
de mostrar que são necessários obediência
e respeito para que as coisas funcionem melhor.
Observo que hoje já não vemos tantos
sanfoneiros nos cortes como antes, e lamento. Por
que será? Talvez os jovens não se interessem
mais pela sanfona. Guitarras, baterias são
instrumentos mais interessantes para eles. Mas será
que não seria o momento de se fundar uma escola
de tocadores de sanfonas, antes que esta arte se perca?
Em Bom Despacho temos verdadeiros mestres da sanfona,
como o Salgado, por exemplo. Talvez, se algo não
for feito, e rápido, esta arte pode se perder.
Na verdade, penso que algo deve ser feito para se
registrar o Reinado de Bom Despacho. Uma escritora
bondespachens (Patrícia) acaba de lançar
um livro sobre esta festa. Quem sabe não está
na hora de fazer também um registro com imagens
(exposição de fotos, documentário,
sei lá)? Seria muito bacana se durante a realização
da festa, pudéssemos também conhecer
um pouco mais da história desta manifestação
cultural tão rica.
Bom, mas agosto passou e com ele se foi mais uma vez
o Reinado. Agora é esperar o próximo
ano.
beatrizcampos2004@yahoo.com.br
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D. Sebastiana: Confiando nos Tambores da Dandara
Lúcio Emílio do Espírito Santo
Júnior* - lucio@bdonline.com.br
Dia cinco de dezembro foi o aniversário de
uma pessoa muito especial: Sebastiana Geralda Ribeiro
Silva, a “Vó Tiana”. Natural da
cidade de Bom Sucesso, veio para Bom Despacho em 1966,
dia 2 de setembro. Ela ainda se lembra do dia em que
chegou, desembarcando numa jardineira. D. Elisa Queiroz
foi quem a trouxe para conhecer Bom Despacho. Estavam
em BD para fazerem juntas um trabalho social. Tiana
foi criada com uma família sempre trabalhando
em projetos sociais. Ao chegar em Bom Despacho, sentiu
que havia uma carência muito grande de eventos
culturais, então montou peças teatrais
e grupos de dança. Desses, um dos mais ativos
hoje em dia é o corte de reinado Moçambique
de São Benedito. Dentre seus feitos está
também uma escola de samba, escola esta que
em 1988 obteve o 1º lugar no carnaval em Bom
Despacho. Criou também um grupo de Afoxé,
representando a África, um grupo de capoeira
que funcionava dentro de sua própria casa.
Recentemente ocorreu um avanço nas lutas
da comunidade da Tabatinga, que agora já conta
com uma Associação dos Quilombolas.
Foi reconhecida pelo governo federal como Quilombo
dos Carrapatos e Tabatinga, o que representará
um importante canal para o investimento de ONGs, do
movimento negro e do governo federal na cidade e região.
Tiana passa por dificuldades, mas confecciona as roupas.
Faz as apresentações; com seus grupos
já se apresentou em Abaeté, e também
em locais como o Minas Shopping e o Palácio
das Artes, em BH.
Em Bom Despacho já apresentou-se em muitos
lugares: SESC, Salão São Vicente, 7º
Batalhão da Polícia Militar, Colégio
Millenium, Colégio Irmã Maria, entre
outros. Alimenta projetos de aulas de costura africana,
penteados, etc. Quer resgatar a cultura dos negros
e a auto-estima. Quer resgatar a história e
fazer os negros deixarem de ter preconceitos, porque
muitos têm preconceito consigo mesmos, não
gostam de ser negros. Quer que todos os quilombos
que existiram na região do Oeste de Minas venham
procurá-la para ficarem unidos. Quer fazer
aqui em Bom Despacho a central desses Quilombos, como
diz logo a seguir, explicando que o conceito de quilombo,
inclusive para o governo federal, mudou:
Este é um projeto muito valioso, não
precisa nem ser de Quilombo, sendo negro, temos que
nos reunir, para resgatar nossa cultura e nossos direitos.
Quero resgatar coisas que foram perdidas, que nos
foram tiradas. Por exemplo, foram tiradas todas as
terras dos Quilombos. A única mensagem que
eu quero deixar: Meu querido povo do Brasil, confie
nos tambores de Dandara. Sou Umbandista, dentro de
minha religião, Dandara é mãe
de todos, aqui sou eu quem a representa, sou muito
feliz em ser uma Dandara.
“Vó Tiana”, nesse dia do seu
aniversário, receba nossos parabéns
pelos anos de vida, pela sua grande e abençoada
luta, na certeza das vitórias já acontecidas
e daquelas que ainda virão nesse caminho tão
bonito que é o seu!
* Doutorando em Teoria e História Literária
pela UNICAMP e mestre em Estudos Literários
pela UFMG.
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