O futuro em Pitangui, Bom Despacho e Vila Verde
por
JACINTO GUERRA
Sabemos que Pitangui é uma das cidades mais antigas
de Minas, centro irradiador do desenvolvimento de vasta região,
no período colonial, principalmente em razão
de suas minas de ouro.
Entre
as vilas da Pitangui colonial, destaca-se o antigo arraial
de Nossa Senhora do Bom Despacho, terra do estadista Olegário
Maciel. Hoje, Bom Despacho é conhecida como a cidade
da Senhora do Sol, sede de próspero município
de tradição agropecuária, com indústrias
de móveis, produtos com pedras semipreciosas e expressivo
potencial de desenvolvimento nas áreas de educação
superior , turismo, cultura e lazer.
Vila
Verde fica bem longe, do outro lado do Atlântico, em
Portugal. É uma cidade do mesmo porte de suas co-irmãs
brasileiras. Tem um rico patrimônio de belezas naturais,
história e cultura – e sabe conseguir e administrar
seus próprios recursos e os da Comunidade Européia
para o seu desenvolvimento.
Desde
1977, Bom Despacho e Vila Verde desenvolvem ações
e projetos de intercâmbio, especialmente nas áreas
de cultura e turismo.No ano 2000, por ocasião dos 500
Anos da Descoberta do Brasil, uma iniciativa bondespachense
encantou Vila Verde e muitos brasileiros que lá estavam,
inclusive uma representação de Pitangui. Foi
uma festa luso-brasileira numa pequena cidade de Portugal.
Além
de bela Exposição de Coisas do Brasil, realizou-se
uma seresta com apresentação de um grupo folclórico
português e do músico brasileiro Waldir Silva
e seu cavaquinho, que fazia vasto programa de apresentações
nas principais cidades portuguesas. Os bondespachenses conseguiram
incluir Vila Verde na programação, que tinha
no roteiro algumas cidades do Minho: Guimarães, Vila
Nova do Gaia e a belíssima Viana do Castelo.
Em
Vila Verde, o presidente da Câmara Municipal., engenheiro
José Manuel Fernandes – que já visitou
Belo Horizonte, Ouro Preto e Bom Despacho – é
um dos líderes da Região Metropolitana do Minho
e desenvolve importantes projetos com recursos da Comunidade
Européia, sobretudo nas áreas de turismo, cultura
e promoção social, setores nos quais temos muito
a aprender com os vilaverdenses.
Vila
Verde instituiu programas de intercâmbio com municípios
de diversos países: Petit Courone, na França;
Lomhar, na Alemanha; Torre Pacheco, na Espanha – e Bom
Despacho, no Brasil, cada um com sua história e motivos
especiais de intercâmbio e amizade.
Voltando
ao nosso país, chegamos a Minas Gerais. Cidade dos
tempos coloniais, parece que o futuro chegou a Pitangui, com
muita esperança , também no exemplo de ação
e trabalho de crianças e jovens.
Há
poucos dias ( Correio Brasiliense – 9-12-2003), houve
um incêndio na periferia de Pitangui, que não
possui Corpo de Bombeiros. Imediatamente um Comitê de
Moradores se mobilizou, através de uma emissora de
rádio, e pediu apoio do povo para apagar o fogo. Quem
fez isto, com êxito, informa a jornalista Érika
Klingl, foi um grupo de crianças e adolescentes de
7 a 14 anos, integrante do Conselho da Criança para
Proteção do Patrimônio Natural e Cultural,
que estudam a história da cidade e resolveram, eles
próprios, fazer mais, atuando na preservação
da cultura e na melhoria da qualidade de vida do povo.
Em
Vila Verde, tivemos a oportunidade de conhecer, de perto,
a experiência dos Bombeiros Voluntários que atuam
com eficiência e entusiasmo nas pequenas cidades de
Portugal.
Por
sua vez, Bom Despacho foi uma das primeiras cidades mineiras
que aderiu ao Dia do Voluntário, desenvolvendo ações
diversas em benefício do povo. Foi iniciativa de jovens
que acreditam na construção de um futuro melhor
com o trabalho solidário de todos os cidadãos.
É uma tradição da cidade, onde a ação
de voluntários se mostra presente em instituições
notáveis da área social e da cultura , como
a Abap e o Museu da Cidade que, no entanto, precisam de mais
apoio e ação solidária.
É
importante lembrar que, na linha de frente da comunicação
e de várias ações de desenvolvimento,
encontra-se o Programa Senhora do Sol, página da internet
instituída por jovens internautas e profissionais da
informática, liderados pelo engenheiro Ítalo
Coutinho. O nome Senhora do Sol é o resgate de uma
tradição do século XVII, da região
de Vila Verde, de onde vieram os colonizadores de Bom Despacho
e de Pitangui.
A
partir de 2004, acreditamos que o Dia V será um marco
ainda mais firme na promissora troca de experiências,
em benefício de uma sociedade melhor e mais justa para
todos.
Jacinto
Guerra,
professor e escritor, mineiro de Bom Despacho, é autor
de vários livros, entre os quais “O gato de Curitiba
– crônicas de viagem e outras histórias”
(Thesaurus – Brasília – 1994), em fase
de reedição, com apoio do FAC – Fundo
de Cultura do Distrito Federal.
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